sexta-feira, 29 de setembro de 2017

MORTE É VIDA

Enquanto morria
A versão carne e osso.
Eu chupava a fruta
Desprezando o caroço.
A semente ao lixo
E a polpa pro bucho.
O sangue na veia,
Sem a alma no pulso.

Então, digerindo o suco da polpa,
Dei à barriga, o defeito da boca.
Ela roncou, sem sono e sem dente.
Queria outra polpa, mas,
Só restava a semente.

Para comer,
Catei no lixo, o caroço.
A mente,
Comprimida no crânio,
Estava entranhada no osso.

Isso tudo não é nada, mas,
A impura sensação da carne.
É melhor ir nunca cedo
E não chegar sempre tarde.

Tiro o sangue da veia.
Devolvo a alma ao pulso.
Na morte tem barriga cheia.
A vida é um buraco no bucho.